QUATRO JOGADORES ARGENTINOS
SÃO IMPEDIDOS DE JOGAR NO BRASIL
PANDEMIA COVID-19
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Otamendi e Acuña se desentendem com agente da Anvisa em Brasil x Argentina — Foto: Marcos Ribolli |
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06 DE SETEMBRO DE 2021
SEGUNDA FEIRA
Por Carlos Eduardo Mansur
Jornalista. No futebol, beleza é fundamental
Fonte: GE
O clássico não jogado ajuda a entender o Brasil e o futebol
Ainda assim, talvez precisemos de tempo para obter todas as respostas sobre as insólitas cenas da tarde de domingo
Especialmente em tempos de pandemia, há inúmeras coisas mais importantes em nossa vida do que futebol. Mas é notável como o próprio futebol é capaz de nos oferecer respostas sobre diversos aspectos de nossa vida. Não foi diferente no insólito desfecho do Brasil x Argentina deste domingo.
Primeiro, porque nos ajuda a entender como nos colocamos, como país, no buraco do qual não conseguimos sair nesta pandemia. A permanência no país e a circulação de quatro atletas que são tudo, menos anônimos, e que há uma semana jogaram partidas transmitidas para os quatro cantos do mundo pelo Campeonato Inglês, revelou como são frágeis nossos controles.
A incapacidade das autoridades brasileiras de fazerem cumprir as determinações de quarentena, assustam. Após desembarcarem na manhã de sexta-feira, os quatro argentinos que, de acordo com as regras nacionais representam um risco sanitário, hospedaram-se num hotel, de onde saíram para treinar no sábado e para jogar no domingo.
E mais curioso ainda, após todo o aparato mobilizado para retirá-los da Neo Química Arena em evento transmitido em rede nacional, os quatro jogadores permaneceram no Brasil até a noite de domingo. Completaram 61 horas no país.
O episódio também é revelador de como o futebol se julga um universo à parte, imune a regras. É tristemente simbólica a imagem de um membro do estafe da partida, interpondo-se entre o campo e o representante da Anvisa.
No peito, em meio a uma pandemia que ainda mata de forma avassaladora, tentava parar uma autoridade sanitária do Brasil como quem dizia: “aqui dentro, mandamos nós”. Porque o futebol consolidou a ideia de que, do estádio para dentro, não se reconhecem as autoridades públicas.
Valem as leis do jogo. Haja ou não pandemia. Por alguns instantes, o futebol transmitiu a pior das mensagens à sociedade.